25.7.11

Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

Capa Cotas raciais

Thread sobre ação afirmativa e educação na Lista Radinho. Publicado originalmente no wiki Tabadotupi.tk

Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

29.03.2006
On 3/27/06, Edney Souza wrote:
Argumentação coerente em torno das cotas e assuntos relacionados:
agenciacartamaior.uol.com.br/materia_id=10445

Falai' Edney, radinhos,

Liga nois q o tiozinho do blog Liberal Libertario Libertino tb mandou um salve, ligeiro mudando de ideia e 1-2 defendendo acao afirmativa. Vai vendo:

- liberallibertariolibertino.blogspot.com/2006/03/favor-das-cotas.html

Ligeiro ja' ta' forrado de comments e trackbacks... mas se pam nao vai repercutir mais do q qdo ele rimava aquela historia do cachorro Oliver no furacao Katrina :-)

Demorou.

Antigamente quilombos, hoje periferia.

\//
Tupi

Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

30.03.2006 - Msg de Fabiano Onça

Caro Tupi,

Li o comentário sobre as cotas da Agência Carta Maior e também o blog do Libertino, que não me pareceu assim tão liberal, quiçá libertário.

Em poucas palavras, acho que não é justo o sistema de cotas. É, na minha opinião, um lobbie imposto por uma das correntes da sociedade, mais especificamente o movimento negro. Foi aceito pelo perdulário do Lula por um simples motivo: dá um tremendo ibope. É uma medida, na minha visão, populista e demagógica.

Honestamente, acho que uma pessoa não consegue completar seus anos de estudo não por causa da cor. Mas sim por causa da pobreza. É a pobreza e não a cor que alija as pessoas e lhes rouba a chance de uma formação minimamente decente.

(Não estou negando que o Brasil não seja racista. É um país racista sim. Mas não existe segregação oficial em escolas, por exemplo. E a cor não é fator de escolha para cargos públicos, por exemplo. Existem outras coisas indecentes, como ser vítima preferencial de batidas da polícia e outras, mas não existe uma política oficial discriminatória, como havia nos EUA)

É bem verdade que boa parte da população negra coincide em sua maior parte com a população pobre. Fruto da escravidão - raciocínio perfeito. E da espiral da pobreza é dificil sair. Mas também existem brancos pobres. Provavelmente filhos de imigrantes italianos que eram paupérrimos na Itália e continuaram paupérrimos no Brasil, seja porque trabalharam no café ou porque deram o sangue nas fábricas em empregos sub-humanos. Há também os mulatos. E índios. E japoneses. E mais aquele monte de gente que, por levas sucessivas de miscigenação, já não sabe dizer exatamente o que é, a não ser brasileiro :-). O que os une é a miséria. E todos, não só os negros pobres, mas todos, sofrem >>igualmente<< dos efeitos devastadores da pobreza.

Por isso, para mim, fica sem sentido eleger uma minoria de pobres (minoria cuja definição é amplamente polêmica. Afinal, o que é ser negro?) e dar a eles tratamento especial. Ótimo, garantam-se as cotas dos negros pobres!! Mas o que fazer com todos os outros pobres??? (se vocês acham que não existe branco de olho azul passando fome, visitem o interior de Santa Catarina). Por acaso um branco pobre não merece ser tratado com a mesma preocupação que um negro pobre? Podemos então distinguir entre as pobrezas? Podemos afirmar que uns caíram na miséria por fatores mais legítimos que outros?

Imagino a cena: "Olha, meu filho, você vai poder entrar nas cotas, porque seu bisavô era escravo. Quanto a você, seu filho de imigrante sujo, quem mandou seus ancestrais não darem duro o suficiente?".

Sinceramente, uma vez que hoje adotamos o estilo republicano - herança do grande imperador Napoleão, que consolidou a Revolução, que Deus o tenha e que castigue o maldito Wellington com as chamas do inferno - acho que é imprescindível a meritocracia. Agora, é claro: quando existem escolas públicas degradadas e escolas particulares para uma elite endinheirada, o mérito é evidentemente distorcido.

Então, Deus, ò Deus, o que fazer? (Palpite todos podem dar, então dou o meu)

1) Sistema de cotas baseado na condição >> socio-economica << e não na cor.

2) ou então, sistema de cotas reservando metade das vagas para escolas públicas (o que na prática é quase o mesmo que a primeira proposta)

3) Investir na recuperação da educação pública - um dos serviços mais básicos e propositalmente menos trabalhado por todos os governos semicolonialistas que ora nos governam.

Finalmente, uma última observação. Qualquer sistema baseado em cor ou raça privilegia uma parcela necessariamente em detrimento de outra. Nenhuma raça, por qualquer motivo, por qualquer alegação, por qualquer injustiça anterior poderia, IMHO, exigir medidas compensatórias que prejudiquem ou desvalorizem os demais cidadãos (porque antes de mais nada, no sistema republicano, somos cidadãos). É dessa semente que nasce o nazismo.

Grande abraço,

Onça

Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

30.03.2006 - Msg de rene

e, se nao me engano, em termos de censo a sua cor e' a cor que voce declara ter. se o pesquisador perguntar para mim qual minha cor e eu disser branco, jambo, cafe-com-leite ou o que for, ele e' obrigado a aceitar.

e como funcionaria cotas por raça? exame de dna? ou pelo que eu digo que sou?

r


Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas
30.03.2006 - Msg de Marcelo Cukierman

Eu já acho que a cota começa errado pois não define quem é negro. Se não for por teste de DNA, não tem como saber com certeza. Por exemplo, uma pessoa que tenha um bisavô negro e todos os outros parentes de outra cor, é considerado negro? Se não, há negros e negros. O filho do Gilberto Gil, por exemplo, terá o mesmo privilégio que o filho da empregada?

O que essa resrva de vagas faz é nivelar por baixo. Faculdade e universidade é - teoricamente - um lugar de elitismo intelectual. Se os estudantes da maior parte das escolas públicas são mal ensinados, que se eleve o nível das escolas. em vez disso, reduze-se o das universidades. Uma pena... é o Brasil ficando ainda mais para trás.

Há um tempo atrás, a OECD fez uma pesquisa do nível de ensino de matemática e de interpretação de texo com estudantes de 45 países - Brasil no meio (www.pisa.oecd.org). No teste de matemática, os alunos brasileiros ficaram abaixo do nível de competência mínimo (o impacto da origem sócio-econômica é pequeno), e o Brasil só ficou acima da Indonésia e da Tunísia. Em capacidade de resolução de problemas, o mesmo caso se repetiu: alunos brasileiros só forma melhor que tunisianos e indonésios. em ciência, os alunos brasileiros só forma melhor que os tunisianos. Ou seja: como formar engenheiros e pesquisadores se os alunos não têm habilidades matemáticas básicas? E a nota mais alta dos alunos brasileiros mal chegou à média dos primeiros colocados. (o resumo executivo do relatório está disponível em www.pisa.oecd.org/dataoecd/1/63/34002454.pdf)

São estudantes assim que se quer colocar na universidade? O pior de tudo é que eles podem até entrar, mas não vão conseguir completar o curso - ou vão completar em 8 anos, torrando dinheiro e roubando vagas dos mais capacitados. Por outro lado, é uma grande iniciativa para a criação de faculdades privadas de elite, já que muitos bons alunos não poderão cursar as universidades públicas. Será mais um esvazaimento das universidades públicas, é só questão de tempo.

Marcelo

Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

30.03.2006 - Msg de Tupi
On 3/30/06, Fabiano Onça wrote:
É bem verdade que boa parte da população negra coincide em sua maior parte com a população pobre. Fruto da escravidão - raciocínio perfeito. E da espiral da pobreza é dificil sair. Mas também existem brancos pobres.
Falai' Onca, radinhos,

Liga q as cotas se pam fazem parte do esquema de acoes afirmativas na levada das reparacoes e pagamento de crime contra a humanidade. Tipo indenizacao mesmo q tardia aos descendentes dos q sofreram trabalho forcado, sequestro, insalubridade, maus tratos, carcere, exterminio.

Tipo pindorama encarando um 14 de maio, data q bacana sempre deu fuga.

Liga a rima dos Racionais: preto e branco pobre se parecem mas nao sao iguais.
Imagino a cena: "Olha, meu filho, você vai poder entrar nas cotas, porque seu bisavô era escravo. Quanto a você, seu filho de imigrante sujo, quem mandou seus ancestrais não darem duro o suficiente?".
Entao, eu acho q imigracao e escravidao sao 2 lados da mesma moeda.
Liga q o governo imperial nao tinha plano nenhum de introduzir os ex-escravos no mercado. Mas subsidiou, financiou e pagou passagem de navio, hospedagem, salario e rango pra uma pa' de imigrante.

Se pam, burocrata e dono de fazenda levava uma fe' q exotando os ex-escravos e trazendo uma pa' de europeu e asiatico ligeiro ia clarear o pais. Cabelo avoa.

Liga q o Charles blogou tb decepcionado com a mudanca de opiniao do LLL:
www.charles.pilger.com.br/blog/2006/03/29/cotas/

Entao, sera' q o bisavo dele pagou passagem? Cumpriu o contrato todo com a fazenda?
Da' pra comparar pau a pau com outro maluco q o tataravo foi capturado, veio acorrentado, espremido e depois vendido no mercado? E' muita treta.

Dando um piao pela quebrada, colando em qq firma e shopping ou assistindo na TV vc ve o resultado desse esquema desigual. Ta' me tirando?

Tem um tiozinho q fez um catado de discursos dos q usaram dinheiro publico pra financiar o inicio da imigracao e escreveu um livro cabuloso: Uma História Não Contada - Negro, Racismo e Branqueamento em São Paulo. Tipo, tinha bacana fazendo continha e acreditando q em 100 anos o pais nao teria mais afro-descendentes, liga nois: tupidataba.blogspot.com/2005/04/uma-histria-no-contada.html

Plano cabuloso, na Argentina foi eficaz. Liga a rima do escritor argentino q o Pdoria mandou um salve - Afrodescendentes Argentinos, Los primeros desaparecidos: tupidataba.blogspot.com/2005/05/afrodescendentes-argentinos-los.html

E' embacado ou nao e'?
Finalmente, uma última observação. Qualquer sistema baseado em cor ou raça privilegia uma parcela necessariamente em detrimento de outra. Nenhuma raça, por qualquer motivo, por qualquer alegação, por qualquer injustiça anterior poderia, IMHO, exigir medidas compensatórias que prejudiquem ou desvalorizem os demais cidadãos (porque antes de mais nada, no sistema republicano, somos cidadãos). É dessa semente que nasce o nazismo.
Entao, o holocausto nazista foi condenado por crime contra a humanidade e todos os individuos, corporacoes e empresas q participaram foram julgados e punidos. Tiveram assumir a culpa, pagar e indenizar as vitimas.

Liga q ano passado mesmo, herdeiros de sobreviventes do holocausto provaram q bancos suicos estavam lado a lado com os nazistas e ligeiro expropriaram com juros e correcao monetaria:
www.timesonline.co.uk/article/0,,3-1570422,00.html

Tem ate' aquele livro crescendo o olho nos contratos da IBM com o estado nazista, tipo fornecendo apoio tecnologico pra industria do exterminio. Se pam tb vai ter q assinar canetinha, enquadra e devolve o malote.

Sem justica nao ha' paz.

Com a escravidao tem q ser o mesmo esquema. Indenizacao e reparacao aos descendentes daqueles q foram sequestrados e mantidos em carcere privado. Crime contra humanidade, holocausto ate' umas horas.

Se comecar com cotas, ta' valendo, e' tudo nosso. Vacilou, tem q buscar.

Demorou.

Antigamente quilombos, hoje periferia.
500 anos de exterminio.

\//
Tupi


Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

30.03.2006 - Msg de Ale

Otimas informacoes, Marcelo! Os links serao extremamente uteis para um trabalho que terei de desenvolver sabado na minha pos-graduacao!

Concordo com voce.

Alem disso, o sistema de cotas é um exemplo de preconceito. O proprio sistema e' discriminatorio. Como se apenas o fato de ter a cor de pele negra ja diminuisse as capacidades e a chance de competir de igual para igual com os outros. Além disso, o sistema e' inconstitucional (ja diz na constituicao: somos todos iguais, com os mesmos direitos e deveres). Este sistema e' utilizado, como uma esmola, com fins politicos.

Eh o que chamamos de "inclusao" social. Mas muito mais importante do que a quantidade de alunos que tem acesso ao ensino, e' a qualidade de ensino que temos. Ensino para quem? Para formar que tipo de cidadao? Com que finalidade?

Nao e' o sistema de cotas em universidades que deve ser trabalhado, mas e' a base da educacao. Alguem ja leu pesquisas sobre a quantidade de universitarios que nao conseguem, por n razoes, concluir seu curso? Eh impressionante! So para citar um exemplo, quando comecei minha faculdade a turma era formada por 50 alunos. Destes, apenas 15 se formaram!

Sem um ensino fundamental e medio de qualidade, sera que o jovem vai estar preparado intelectualmente a ate mesmo emocionalmente para realizar um curso superior?

Investir na educacao como um todo, principalmente na valorizacao dos professores (incluindo politicas de incentivo, formacao continuada e etc.), e' o mais sensato para obter resultados positivos a medio e longo prazo (so que resultados de medio e longo prazo nao compram voto).

Com relacao aos criterios, sei que nos EUA a coisa e' muito mais organizada do que aqui no Brasil, la (pelo que foi repassado por uma doutora em educacao, na minha aula de pos-graduacao do sabado passado) voce e' considerado negro se ate a sua 10ª geracao tiver um individuo da raca negra. Por exemplo: voce pode ser branco, seus pais tambem, seus avos, bisavos, etc, mas se na sua 10ª geracao tiver um negro, voce e', por lei, considerado negro.

( )'s
Ale
www.justale.blogger.com.br


Re: Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

30.03.2006 - Msg de Edney

Minha salada étnica = índio+português+negro

Sou bisneto de português, neto de caboclo, tataraneto de índio e por aí vai... Pra quem quiser saber a tribo eu descendo dos botocudos :)

Eu nasci na periferia bem do lado do mato, mais de 30 quilômetros do centro, não era um barraco mas o vizinho da esquerda e o de trás moravam em barracos. Estudei em escola pública, aprendi mais em casa com os livros, a escola já não era lá essas coisas e acho que hoje ainda conseguiu piorar. Consegui mudar minha condição social e cultural porque tive educação fundamental, não por méritos do estado ou por méritos econômicos, mas graças aos meus pais que me proporcionaram meios de fazer isso.

Talvez um trabalho de conscientização dos pais e mães, distribuição de livros, oficinas de leituras, jogos pedagócios, etc... Tivesse mais impacto em nosso futuro que um sistema de cotas. Acho difícil o cara que chegou 'estragado' na universidade sair de lá e se dar bem no mercado de trabalho. As vezes essa campanha pelas cotas parece mais uma alternativa defendida por quem cresceu sem estrutura e percebeu que vai se dar muito mal na vida se não 'ralar' pacas, então o militante tenta 'arrumar' o próprio lado, ele pode até argumentar que quer um futuro diferente para seus filhos, mas e as gerações que estão nascendo agora? Estão condenadas ao mesmo calvário para depois encarar uma solução paleativa?

( )´s

Edney Souza - São Paulo - www.interney.net

Re: Re: Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

30.03.2006 - Msg de Tupi
On 3/30/06, Edney Souza wrote:
Consegui mudar minha condição social e cultural porque tive educação fundamental, não por méritos do estado ou por méritos econômicos, mas graças aos meus pais que me proporcionaram meios de fazer isso.

Falai' Edney, radinhos,

Teve o dom!

Entao, liga q ano passado 2 moleques afrodescendentes estavam chegando
pra prova do vestibular e resolveram acelerar o passo pra nao se
atrasar. Ligeiro foram confundidos com assaltantes, os gambes nao
levaram uma fe' na historia da hora do vestibular e os 2 perderam a
prova.

Liga nois: observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=314CID003

Se pam, podiam ser seus vizinhos... da mesma quebrada, perto do mato, pa' e tal.
Podia ser o mesmo dia q vc prestou vestibular, mas vc conseguiu chegar.
Os moleques vao ter q no minimo vao ter q esperar mais 1 ano e nao
vacilar nem dar brecha ate' conseguir pegar o papel e lapis na mao.
Acho difícil o cara que chegou 'estragado' na universidade sair de lá e se dar bem no mercado de trabalho.
Ze povinho estragado nem vai pagar um pau de querer desfilar de
caderninho debaixo do braco. Esse afunda o nariz, so' o po' na capa do
caderno.

Conversa de canudo e' pra moleque esforcado, tipo A q assiste filme B
e toma leite C.
Tenta a sorte, 1 por amor, 2 pelo dinheiro.
As vezes essa campanha pelas cotas parece mais uma alternativa defendida por quem cresceu sem estrutura e percebeu que vai se dar muito mal na vida se não 'ralar' pacas, então o militante tenta 'arrumar' o próprio lado, ele pode até argumentar que quer um futuro diferente para seus filhos, mas e as gerações que estão nascendo agora?
Se daqui milidias vc trombar na saida da escola com a diversidade
etnica e social q representa pindorama, ta' valendo. A treta e' colar
em uma universidade, firma ou shopping e ver q afrodescendente e' so'
pra fita de porteiro, seguranca ou faxineiro. Ai' e' embacado.

Demorou.

Sem miseria!

\//
Tupi


Re: Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

30.03.2006 - Msg de Daniel Rodrigues

Gente, essa questão de cotas é meramente política.. ninguém tá preocupado se o negro vai viver melhor daqui a dez anos. o que importa é a propaganda que isso gera agora.

Faz parte da bandeira que o lula paz e amor levantou no começo do governo dele e até hoje sustenta. Isso tem o mesmo objetivo de perdoar as dívidas dos países africanos, defender fome zero em Davos, etc..

Propaganda é a alma do negócio. Taí o bono vox pagando pau pra provar. Beleza que o bono é sem-noção e pegou a katilce, mas isso a gente não conta :-)

Abs
Daniel Rodrigues


Re: Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

31.03.2006 - Msg de Fabiano Onça

On 3/30/06, Tupi Namba wrote:
Liga q as cotas se pam fazem parte do esquema de acoes afirmativas na levada das reparacoes e pagamento de crime contra a humanidade. Tipo indenizacao mesmo q tardia aos descendentes dos q sofreram trabalho forcado, sequestro, insalubridade, maus tratos, carcere, exterminio.

Desculpe Tupi. Quer indenizar? Que se arrume outra forma. Não é justo que os outros se prejudiquem por conta das "ações afirmativas" de um grupo. Aliás, esse termo sempre me dá mal estar, porque tem um certo tom "fascista".

O problema é que tem gente aqui pensando da mesma forma abusiva que os judeus de lá. Querendo transformar isso numa indústria de reparação. Sugiro que você leia "A Indústria do Holocausto", escrita pelo Norman Filkenstein, cujos pais são sobreviventes de Auschiwtz. Ele relata a bandalheira em que se transformaram as reparações aos judeus, com organizações judaicas achacando bancos suíços e alemães repetidamente. Se houve erro, já tem gente abusando do sentimento de culpa alheio (e da publicidade negativa que isso geraria caso os bancos não pagassem).

Tipo pindorama encarando um 14 de maio, data q bacana sempre deu fuga.

Não sei o que é o 14 de maio. Diga lá.

Liga a rima dos Racionais: preto e branco pobre se parecem mas nao sao iguais.

Isso faz parte, no meu ponto de vista, da auto-glorificação que grupos de rap fazem da sua própria condição. Bazófias. Preto pobre e branco pobre são iguais sim. Quem pensa o contrário é racista, diria eu.

Entao, eu acho q imigracao e escravidao sao 2 lados da mesma moeda.
Liga q o governo imperial nao tinha plano nenhum de introduzir os ex-escravos no mercado. Mas subsidiou, financiou e pagou passagem de navio, hospedagem, salario e rango pra uma pa' de imigrante.

Pagar uma passagem é condição de que eles tiveram um tratamento digno aqui? Você acha que os imigrantes receberam algum tipo de subsídio? Aqueles pobres coitados foram transportados, mas depois tinham que pagar tudo de volta para o dono da fazenda. E a historinha é antiga, a conta nunca fechava, só aumentava. Eram tão pobres-coitados quanto os ex-escravos. Todo mundo explorado, proletário.

Se pam, burocrata e dono de fazenda levava uma fe' q exotando os ex-escravos e trazendo uma pa' de europeu e asiatico ligeiro ia clarear o pais. Cabelo avoa.
Liga q o Charles blogou tb decepcionado com a mudanca de opiniao do LLL...
Entao, sera' q o bisavo dele pagou passagem? Cumpriu o contrato todo com a fazenda? Da' pra comparar pau a pau com outro maluco q o tataravo foi capturado, veio acorrentado, espremido e depois vendido no mercado? E' muita treta.

Estamos falando de períodos históricos diferentes. De certo modo, o que os capitalistas descobriram, já nos 1800, era que era mais barato manter um trabalhador do que um escravo. Mas a coisa não mudou muito não. As jornadas de trabalho eram de 16 horas, havia todo tipo de humilhação e por aí vai. A vantagem é que quando um imigrante morria dava para substituir por outro. Quando o escravo morria, o fazendeiro perdia um bem.

Dando um piao pela quebrada, colando em qq firma e shopping ou assistindo na TV vc ve o resultado desse esquema desigual. Ta' me tirando?

Sim, sem dúvida, existe acho que por toda a sociedade ocidental um preconceito contra os negros que, até a segunda guerra, era plenamente aceitavel. Vale lembrar que na marinha americana os negros não combatiam, eram relegados à cozinha. Isso me parece ser normal - não que não seja lamentável - em sociedades escravagistas. Estou lendo um livro sobre Roma em que há várias citações de personalidades da época falando mal dos judeus e dos gregos - dizendo que escravos desses povos não são confiáveis e não são educáveis. Some-se isso com a condição em que os negros foram "atirados à liberdade", me parece perfeitamente compreensível que na TV só se veja gente branca, nas firmas só se veja gente branca e tal...

Tem um tiozinho q fez um catado de discursos dos q usaram dinheiro publico pra financiar o inicio da imigracao e escreveu um livro cabuloso: Uma História Não Contada - Negro, Racismo e Branqueamento em São Paulo. Tipo, tinha bacana fazendo continha e acreditando q em 100 anos o pais nao teria mais afro-descendentes, liga nois

Sim, mas o que isso tem a ver com a questão da igualdade de direitos em relação às cotas? Conheço o livro, fala do processo de exclusão do ex-escravo no período posterior à escravidão e tal. Entenda uma coisa: não acho que o negro não tenha sido injustiçado. Foi e é. Mas existem outros tipos de injustiça que não são menos relevantes. Por exemplo, contra os nordestinos aqui no Sudeste. É tão ultrajante quanto. Entretanto, não vejo ninguém propondo cota para os nordestinos e nem obrigando as escolas a terem uma disciplina "História do Nordeste". Agora, esse lobbie das "Ações Afirmativas" quer obrigatóriamente incluir uma disciplina "História da África Negra". É de um racismo incrível. Porque não incluímos também "História do Líbano", para fazer jus aos imigrantes libaneses. E também "História da América pré-descobrimento" para honrar os índios. E "História dos Japoneses", afinal, eles foram tratados com muita discriminação quando aqui chegaram e durante o período da segunda guerra.

Plano cabuloso, na Argentina foi eficaz. Liga a rima do escritor argentino q o Pdoria mandou um salve - Afrodescendentes Argentinos, Los primeros desaparecidos.
E' embacado ou nao e'?

Olha, não nego o sofrimento dos negros. Mas elevar o sofrimento de um grupo acima dos outros, torná-lo incomparável, isso é de um fascismo sem limites. Quem hoje em dia faz isso, ironicamente, são alguns grupos judaicos. Transformaram o holocausto no Holocausto. Uma tragédia ímpar. Desculpe, basta ler sobre História para ver pelo menos três outros grandes holocaustos no século XX: Bósnia, Ruanda, Armênios, Curdos. Isso fora os índios norte-americanos no século XIX. Então, acho que a ação afirmativa é um perigo sim. O perigo de elevar um grupo a uma esfera onde não é mais possível comparação ou julgamento.

Entao, o holocausto nazista foi condenado por crime contra a humanidade e todos os individuos, corporacoes e empresas q participaram foram julgados e punidos. Tiveram assumir a culpa, pagar e indenizar as vitimas.

Tupi, o que eu falo é que os alemães nazistas começaram o papinho de nazismo da mesma forma que os negros da ação afirmativa. O discurso era: a Alemanha foi injustiçada. A raça alemã precisa ser recompensada. Tudo que é muito autoreferente, como estas "ações afirmativas", me dá medo. Ou porque é muito ingênuo ou porque é muito bem pensado.

Liga q ano passado mesmo, herdeiros de sobreviventes do holocausto provaram q bancos suicos estavam lado a lado com os nazistas e ligeiro expropriaram com juros e correcao monetaria

Pois é. É a terceira ou quarta vez que os bancos são achacados por isso. Estranhamente, a lista de sobreviventes do holocausto aumentou, e não diminuiu, com o decorrer dos anos.

Com a escravidao tem q ser o mesmo esquema. Indenizacao e reparacao aos descendentes daqueles q foram sequestrados e mantidos em carcere privado. Crime contra humanidade, holocausto ate' umas horas.

Olha, sugiro que a indenização comece pelos caras que capturaram os negros. Não nos esqueçamos que essa indústria era muito lucrativa não apenas para os brancos opressores, mas também para os negros opressores. Vários estados africanos, como por exemplo o poderoso reino do Mali, faziam da venda de tribos inimigas um excelente negócio.

Sinceramente, pensar as coisas em termos de raça não dá certo.

Se comecar com cotas, ta' valendo, e' tudo nosso. Vacilou, tem q buscar.

Discordo. Tem que começar direito. Criar uma injustiça porque existem injustiçados não me parece uma maneira razoável de se fazer justiça.

Antigamente quilombos, hoje periferia. 500 anos de exterminio.

Tupi, gosto de ti. :-)

Onça


Re: Re: Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

31.03.2006 - Msg de rene

ola' Fabiano,

confesso que nao li tua treplicas, bem como outras replicas da
questao. o tema e' atual, as questoes envolvidas sao serias, eu mesmo
careço de mais embasamento pra opinar, mas eu tambem me pergunto se
nao vamos aqui aumentar a temperatura do inbox de 670 pessoas com um
debate com grande vocacao para flame war.

o que voces acham?

abracos

rene'


Re: Re: Re: Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

31.03.2006 - Msg de Fabiano Onça

Acho que você tem razão. É um prazer discutir com o Tupi, espero que ele não tenha se sentido ofendido. :-)

Grande abraço,

Onça


Re: Re: Re: Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

31.03.2006 - Msg de Luciana

É isso aí Rene.
Discussão bacana, mas interminável.
Luciana.

Re: Re: Re: Re: Re: Re: Reconhecimento de diferenças rompe desigualdade nas escolas

31.03.2006 - Msg de Tupi

On 3/31/06, Fabiano Onça wrote:
Acho que você tem razão. É um prazer discutir com o Tupi, espero que ele não tenha se sentido ofendido. :-)

Falai' Onça, rene, radinhos,

Nem esquenta, teve o dom!

Tudo pelo debate!

Como MV Bill mandou um salve: traficando informacao.
A banca do rap ja' ta' ligada, email e microfone e' mais eficaz q uma arma :-)

Mas liga q a industria do Holocausto e' bem melhor q a industria do exterminio.

Se pam tem q ter mais filmes tipo Amistad e Lista de Schindler, daquele jeito :-D

Entao, 14 de maio foi o dia seguinte ao decreto q sobrou pra princesa Isabel assinar.
Q q aconteceu nesse dia? E', uma pa' de tiozinho da' fuga de responder.

Liga q na gringolandia, naquela treta da guerra da secessao, general nortista espalhou a conversa d q a cada fazenda sulista libertada, cada familia de escravos teria direito a 3 acres e uma mula. Demorou.

Da' linha na pipa? Ou melhor nao rimar sobre esse assunto pq a opiniao ja' ta' formada?

Frase de parachoque de caminhao: de onde menos se espera, dai' e' q nao sai nada mesmo.

:-D

A revolucao nao sera' televisionada!

\//
Tupi


-> Arquivo: 23.8.2006 : Indenização por crime de racismo: Justiça condena supermercado a pagar R$ 60 mil
-> Arquivo: 23.8.2006 : Relatório da ONU sobre racismo no Brasil
-> Arquivo: 24.4.2006 : Marcelo Paixão da ONG Observatório AfroBrasileiro, entrevista no Estadão
-> Arquivo: 6.3.2006 : Faculdades Zumbi dos Palmares
-> Arquivo: 1.2.2006 : Projeto Terra Negra Brasil - Financiamento agrário para afro-descendentes
-> Arquivo: 4.10.2005 : Cotas para afrodescendentes nas empresas e corporações
->Arquivo: 14.7.2005 : Reparações aos descendentes daqueles que sofreram com a escravatura, sequestro e trabalhos forçados
->Arquivo: 7.5.2005 : Afrodescendentes argentinos, los primeros desaparecidos
-> Coletando : Livraria Cultura: Livro - Uma história não contada. Negro, racismo e branqueamento em São Paulo.
-> Coletando : Mercado Livre : Busca : Racionais MCs, Hip Hop e Afro

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...